Aos
sábados, dia de acordar mais tarde, por volta das seis, em alguns a rotina era quebrada pela limpeza
mais detalhada dos pavilhões. Banheiros, perfumados com criolina, camas e
estrados eram quase lavados com um pedaço de pano encharcado de querosene, nos
colchões eram polvilhados porções de BHC, veneno agrícola, hoje proibido por ser
cancerígeno, por nós usado pra matar pulgas, traças, fungos e o que mais viesse, destruía qualquer odor, o diabo do BHC era confidente dos sonhos, no chão passava-se
cera pra dar brilho e conservar o piso que depois de escovado e lustrado era
quase um espelho, com a luz refletida dava pra se ver os vultos e a aquarela no
horizonte. O tratamento era feito por todo o lar ao termino, enxada de forma
amena, geralmente se trabalhava nos canteiros de flores, e plantas que traziam vida
e harmonia ao lugar, nos faziam crer num imaginário concurso do lar com jardins
mais bonitos, pura ilusão, toda visita
externa era feita nos lares de baixo, os mais distantes eram totalmente
discriminados e esquecidos pela distancia. O 22 por ser o mais próximo da
administração e da saída, recebia a maior parte das visitas e até algum utensílio
ornamental, sendo o mais protegido e beneficiado, queriam que a maquiagem de lá
fosse o reflexo do que nos outros não existia, geralmente as visitas saiam com boa impressão,
sem falar mal e até comovidos com a obra instituída e fundamentada.
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