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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A ESTRELA DOS DAVIS NA FESTA DOS GOLIAS



O educandário sempre possuiu a tradição de ter boa música. chegou a possuir uma jazz band e constantemente era chamada pra inaugurações, festas religiosas, festa da liga ou fazer média e angariar fundos com algum bacana.
Em 1958 algumas locações do filme o cantor e o milionário com Anselmo Duarte, Maysa, Eva Vilma, Paulo Goulart, Marlene, Luiz Delfino entre outros foram feitas lá e teve a participação da banda do EDD. A banda do EDD teve a honra de ter por um breve período a regência do maior de todos, o maestro Pedro Salgado, e também o maestro Gaya.
Pelos anos 70,  restou a fama,  a banda não era nem sombra do que foi, mas os concursos de bandas e fanfarras estaduais e nacionais por essa época eram muito fortes, com disputas espalhadas pelas cidades paulistas, Ibirapuera, Pinheiros e as   finais com distribuição de troféus na Avenida São João.
Ali onde as bandas se reuniam antes dos desfiles, pra um aquecimento é que a imensidão da distancia, de nível, educandários e mundos se escancarava. Balizamentos, alinhamentos perfeitos, marchas cruzadas, e jovens fortes, sem marcas na pele, ou semblante, e uma infinidade de lindas moças, altas,  que  zanzavam, caminhando garbosas, soberbas, perfumando e enamorando o ambiente qual flores da primavera, em uniformes de gala, de finos tecidos, cravejados de grandes botões dourados, luvas bordadas, plumas nos quepes, talabartes e sapatos engraxados, em brilho fácil, empunhando instrumentos afinadíssimos, alguns nunca vistos. Era ali que perdíamos o concurso, era ali ao olhar pra si, os uniformes simples,  sem nenhum detalhe, conga branco, com ameaças pra não sujar, calça vermelha de tergal, blusa fechada azul de gola redonda,  manga comprida, nada de quepes, enfeites?, só na percussão, bumbos, surdos, adesivados em papel camuflado, e em destaque  só mesmo as luvas brancas, também sob ameaça. A comparação nos reduzia,  travava até o caminhar, alguns eram quase estátuas. 
Do palanque um narrador, enaltecia a resenha, descrevendo toda a historia da agremiação, nessa hora se esquecia de todo o cotidiano, a condição de cão sem dono, e orgulhosos sentíamos a alma arrepiada,  ao anunciarem, Banda Marcial Masculina Educandário Dom Duarte, os aplausos sempre fervorosos e comoventes nos enchia de garra e fibra, arrancando força e postura do íntimo. Multiplicavam se aplausos e demonstrações de carinho, ao ouvirem os acordes  de Romeu e Julieta num samba?!!!, a batucada contagiava, e os contrapontos carnavalescos, firmavam a melodia, enlaçando o dueto das marimbas, pistões, bombardinos, trombones e cornetas em diversas vozes. Espontaneamente o publico, e adversários solfejavam notas bailando e balançando o corpo, numa mistura de valsa e samba, carnaval e  casamento, foi ali que aprendi a enxergar a emoção na alma de quem ouve, e quem faz, de quem toca e é tocado. Premiações? que me lembre, só por participar, troféus? trouxemos muitos, eles iam pro ego e pra galeria de belas recordações, eram o carinho, cumprimentos e respeito  do publico, julgadores e de nossos adversários.













Fotos Correio Paulistano, O Estado de São Paulo, jornal de notícias, arquivo pessoal, facebook Educandário Dom Duarte, Edu da águas e colaboradores Airton dos Santos e Pedro Nitinha Nolasco