PROPHANO DESTI LADO COM ÁGUA DE BHC

PROPHANO DESTI LADO COM ÁGUA DE BHC

Como determinar a verdade dos fatos, ouvindo apenas uma das partes envolvidas numa questão? Como examinar os fatos, se você não pode saber o que se deu de fato?

Numa madrugada, fomos todos acordados às pressas, o seu Flávio, que era policial, passou gritando em sua moto que haviam jogado veneno na caixa d'água que abastecia o colégio, na olaria ficamos sabendo que os autores da proeza haviam sido os Xodó e Ratinho, ambos do 21.

No mesmo dia, no Attiê, soubemos que os mesmos já haviam sido desinternados e mandados pra FEBEM de Batatais, simples assim.

A professora de história, Claudia, exibiu um jornal que esclarecia os fatos e mostrava os meninos como sociopatas perigosos, no mesmo artigo ressaltava a luta inglória da Liga das Senhoras Católicas e seus comandados, na difícil missão de educar esse tipo de indivíduos.

Eu tinha 13 anos e não engoli esses fatos, não era igual a maioria dos internos, que aceitavam os fatos impostos pelos adultos sem questionar, só pelo fato de eles haverem dito.

Conhecia o sistema poderoso que imperava no trato com os internos, por trás da aparente caridade cristã, se escondia um longo histórico de maus tratos, abusos e negligência, internos contavam coisas de assustar, em tempos passados tinham historias de chefes que enfiavam a cabeça de meninos em privadas, para lhes incutir o medo e a obediência.

Nós do pavilhão 14, convivíamos com um sujeito analfabeto, que andava com um 32 enfiado na cintura, carpíamos e batíamos pinos pra Gesipa do Brasil e não ganhávamos um centavo.

Provavelmente alguém pode dizer: Ah, a Liga não podia saber dessas coisas...

E eu prontamente respondo que sabiam e faziam que não, ganhavam o mérito de comandar um colégio interno modelo, esse status era adquirido à custa de sofrimento e dor... como se isentar da culpa, se se obtêm lucros com isso? Todo o lucro que se obtinha nas plantações gigantes dos pavilhões, o trabalho da Gesipa e os resultados da olaria e blocos, eram divididos entre a Liga e seus comandados, simples assim.

Conheci os menores em questão na Casa de Infância do Menino Jesus, onde eles usavam os nomes de José Carlos da Silva e José Reinaldo, nas primeiras caminhadas que a dupla fez, eu fazia parte do bando, éramos seis ao todo, os irmãos Lustosa do 24, o Donizete do 19 e eu, saíamos por aí, à cata de aventuras, mas fomos nos ajustando a novas amizades e afastamo-nos dos dois.

passamos a vê-los na escola ou no refeitório central e não nos parecia que haviam virado sociopatas perigosos.

A versão que o lado que se julga certo, nós sabemos... gostaria que os amigos aparecessem e contassem a sua versão dos fatos. postagem de Nilton Victorino Filho, baluarte da memoria do edd.
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