(REEDIÇÃO) DAVIS NA FESTA DOS GOLIAS.

O educandário sempre possuiu a tradição de ter boa música. chegou a possuir uma jazz band e constantemente era chamada pra inaugurações, festas religiosas, festa da liga ou fazer média com algum bacana e angariar fundos. 

Em 1958 o filme o cantor e o milionário com Anselmo Duarte, Eva Vilma, Paulo Goulart, Maysa Matarazzo, Marlene, Luiz Delfino  teve a participação da banda do EDD. também teve a honra de ter por um breve período a regência do maior de todos, o maestro Pedro Salgado, e também o maestro Gaya.

Pelos anos 70  restou a fama e a banda não era nem sombra do que foi mas os concursos de bandas e fanfarras estaduais e nacionais por essa época eram muito fortes com disputas espalhadas pelas cidades paulistas, Ibirapuera, Pinheiros e as   finais com distribuição de troféus na Avenida São João.

Ali onde as bandas se reuniam antes dos desfiles pra um aquecimento é que a imensidão da distancia de nível,  de educandários e mundos se escancarava. Balizamentos, alinhamentos perfeitos, marchas cruzadas, e jovens fortes sem marcas na pele ou semblante, e uma infinidade de lindas moças, altas, e que  zanzavam caminhando garbosas, soberbas, perfumando e enamorando o ambiente qual flores da primavera em uniformes de gala nos finos tecidos, cravejados de grandes botões dourados, luvas bordadas, plumas nos quepes, talabartes e sapatos engraxados em brilho fácil, empunhando instrumentos afinadíssimos, alguns nunca vistos. Era ali que perdíamos o concurso, era ali ao olhar pra si, os uniformes simples e sem nenhum detalhe, conga branco com ameaças pra não sujar, calça vermelha de tergal, blusa fechada azul de gola redonda e manga comprida, nada de quepes, ou enfeites, esses só na percussão, bumbos, surdos adesivados em papel camuflado e em destaque  só mesmo as luvas brancas também sob ameaça. A comparação nos reduzia e travava até o caminhar, alguns eram quase estátuas. 

Do palanque um narrador enaltecia a resenha descrevendo toda a historia da agremiação, nessa hora se esquecia de todo o cotidiano, a condição de cão sem dono e  orgulhosos sentíamos a alma arrepiada  ao anunciarem Banda Marcial Masculina Educandário Dom Duarte, os aplausos sempre fervorosos e comoventes nos enchia de garra e fibra, arrancando força e postura do íntimo. Multiplicavam se aplausos e demonstrações de carinho ao ouvirem os acordes  de Romeu e Julieta num samba?!!!. A batucada contagiava e os contrapontos carnavalescos firmavam a melodia enlaçando o dueto das marimbas, pistões, bombardinos, trombones e cornetas em diversas vozes. Espontaneamente o publico e adversários solfejavam notas bailando e balançando o corpo numa mistura de opera e samba, carnaval e  casamento, foi ali que aprendi a enxergar a emoção na alma de quem ouve e quem faz, de quem toca e é tocado. Premiações? que me lembre, só por participar, troféus? trouxemos muitos, eles iam pro ego e pra galeria de belas recordações, eram o carinho, cumprimentos e respeito  do publico, julgadores e de nossos adversários.

Banda desconhecida avenida São João

A foto de banda desconhecia é do google imagens e chega muito perto dos tons do antigo uniforme

TENTATIVA DE RECRIAÇÃO DO ARRANJO ORIGINAL DOS ANOS 70

Trecho do filme o cantor e o milionário com a Banda do EDD.

desfile atual com montagem da música Dois Corações de Pedro Salgado

Fotos e vídeos: Google imagens, You Tube,  Correio Paulistano, O Estado de São Paulo, jornal de notícias, arquivo pessoal, amigos do facebook, colaboradores Edu da águas, Airton dos Santos e Pedro Nitinha Nolasco, Carlos Rodrigues, Lourenço lar22.

SOB AS ENXADAS DE BRÁULIO SILVA

NUM DECRETO DE 14 DE ABRIL DE 1939 ADHEMAR DE BARROS INTERVENTOR FEDERAL NO ESTADO DEFINE OS RUMOS E CURSOS DO ENSINO PROFISSIONAL, VOCACIONAL, INDUSTRIAL E AGRÍCOLA NO EDUCANDÁRIO. A CONSTRUÇÃO DO PRÉDIO DA ESCOLA PROFISSIONAL FOI CUSTEADA PELO GOVERNO DO ESTADO E CUSTOU ENTRE 100 E 120 CONTOS DE RÉIS COM OS EQUIPAMENTOS. LEVA O NOME DE BRÁULIO SILVA DOADOR DO TERRENO DA CIDADE DE MENORES, ABRIGAVA OS CURSOS DE  MECÂNICA, FERRARIA, FUNDIÇÃO E SERRALHERIA. APESAR DE BEM DEFINIDO SABE-SE QUE O ESCRITO NUNCA FOI SEGUIDO Á RISCA, SE ESTABELECIA UM VASTO CORPO DOCENTE, E PESSOAL ESPECIALIZADO PRA CADA ÁREA, MESTRES DE OFICIO, AJUDANTES, CREIO QUE FALTOU  DINHEIRO PRA PAGAR TUDO QUE FOI DETERMINADO E SE TRATANDO DE COISAS DO BRASIL E QUE ENVOLVAM DINHEIRO.
A PARTE AGRÍCOLA ERA UMA SINA QUASE INGLÓRIA, A AGRICULTURA E MODALIDADES SERVIA PRA TUDO, ENSINAMENTO, ALIMENTAÇÃO, MUSCULAÇÃO, AS TÉCNICAS ERAM PRIMITIVAS E OS  CASTIGOS APLICADOS PELOS EDUCANDÁRIOS BRASIL AFORA, NÃO ERAM UMA COISA SÓ DA GENTE COMO SE PENSAVA.
FOI PREVISTO UM CURSO DE GRAU PRIMÁRIO COM DURAÇÃO DE DOIS ANOS DE AGRICULTURA EM GERAL, PEQUENAS CULTURAS, HORTICULTURA, FLORICULTURA, POMICULTURA, APICULTURA, AVICULTURA, PISCICULTURA E CRIAÇÃO DE ANIMAIS DE PEQUENO PORTE, EM CERTO PONTO SE DETERMINAVA ATÉ EM CONCEDER TERRAS QUE CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS  DEPOIS DE UM PERÍODO O ALUNO DO CURSO AGRÍCOLA TERIA DIREITO A TERRA PRA SI E FAMÍLIA, SERIA SONHAR DEMAIS, DE QUALQUER FORMA CUMPRIU-SE PARTE DO ESTABELECIDO E MUITA GENTE APRENDEU AS COISAS DA TERRA, DINHEIRO NÃO SE GANHOU, TALVEZ ISSO EXPLIQUE O SENTIMENTO DE POSSE QUE SINTO EM RELAÇÃO AQUELAS TERRAS.
QUANDO VIREI APRENDIZ O PRÉDIO ERA DIVIDIDO EM DOIS LADOS, NÃO HAVIA MAIS NADA DO DECRETO ORIGINAL SÓ A SERRALHERIA MAS EM OUTRO LOCAL E DESENVOLVERAM A OLARIA QUE ERA BEM RENTÁVEL, SALVAS AS DIFERENÇAS PARECIA O TRABALHO ESCRAVO DO INTERIOR DO BRASIL COM DIREITO A CONIVÊNCIA DE QUEM DEVERIA ZELAR PELA INTEGRIDADE FÍSICA DO MENOR, CERTA VEZ TEVE UM  QUE PERDEU ACHO QUE DOIS DEDOS MAS TUDO FOI ABAFADO E DALI A COISA COMEÇOU A MUDAR.
OLHANDO DE FRENTE  O LADO DIREITO ABRIGAVA A MARCENARIA COM LUSTRAÇÃO E PINTURA,  A ESQUERDA A TIPOGRAFIA COM ENCADERNAÇÃO. NA MARCENARIA SE FAZIAM SERVIÇOS INTERNOS, ALGUNS PARA OUTRAS UNIDADES DA LIGA E RARAMENTE ALGUM PARTICULAR PARA ALGUÉM LIGADO A ELA. OS SERVIÇOS DE TIPOGRAFIA ERAM MAIS TÉCNICOS COM MAQUINÁRIO  MAIS MODERNO E FUTURISTA ACREDITO QUE RENDIA BEM MAIS DINHEIRO E MUITO PAPEL E DE QUALIDADE, LIVROS ERAM IMPRESSOS AOS MONTES E ENCADERNADOS COM PRECISÃO, CONVITES PERSONALIZADOS, CALENDÁRIOS DE BOLSO E PAREDE, AS VEZES VAZAVAM PAGINAS AVULSAS E CALENDÁRIOS E SE FAZIAM BLOCOS E BORRÕES COM RETALHOS DOS PAPÉIS ONDE A MODA ERA FAZER ÁLBUNS COM RECORTES DE JORNAIS E REVISTAS DOS TIMES DE CORAÇÃO. LÁ TRABALHAVAM OS EX-INTERNOS, DITINHO,  BOA PRAÇA E CONSIDERADO, ERA UM IRMÃO DE SANGUE E MAIS VELHO O  MEIA DIREITA BAIXINHO E HABILIDOSO, PIVETE MEIA ESQUERDA ESPICHADO E DESCONFIADO, O AMARAL BAIXINHO QUE POR SER CALADO E BARBUDO DAVA ARES DE SÁBIO EREMITA, O REINALDO QUE MORAVA ATRAS DO CAMPO DE CIMA EM FRENTE A SERRALHERIA  TAMBÉM BOM DE BOLA. QUEM OPERAVA AS MAQUINAS MAIS MODERNAS E COMANDAVA LÁ ERA O IRMÃO MARIO, GENTE FINA QUE PARTICIPAVA DOS EVENTOS DO EDD  COMO FOTOGRAFO, NÃO DÁ PRA NÃO FALAR DOS OLHOS VERMELHOS, PARECIAM EMBANDEIRAR AS PREFERENCIAS ETÍLICAS. NO COMEÇO NINGUÉM ENTRAVA NA ALA DO OUTRO, ATÉ OS CHEFES PEDIAM AUTORIZAÇÃO PARA ENTRAR, OS MENORES APRENDIZES SÓ OBSERVAVAM DA PORTA, DEPOIS PASSAMOS A CONFERIR MELHOR UM O TRABALHO DO OUTRO, NA TIPOGRAFIA HAVIAM GAVETAS COM  MUITOS E VÁRIOS TIPOS PARA IMPRESSÃO DE DIFERENTES ESPECIES DE LETRAS E TAMANHOS E UMA MAQUINA QUE PEGAVA O PAPEL DE UM LADO, LEVAVA PRA IMPRIMIR, GIRAVA E EM SEGUNDOS LA ESTAVAM VÁRIAS PAGINAS IMPRESSAS DO OUTRO LADO, PARECIA O TRABALHO MECÂNICO DAS MONTADORAS DE CARROS, AQUILO ERA O MAXIMO DE MODERNIDADE. ALGUNS MENORES  JÁ TARIMBADOS CRIAVAM TRABALHOS COM SOBRAS DE PAPEL COM GRANDE RIQUEZA DE DETALHES E VALERIAM COM CERTEZA UM BOM DINHEIRO SE DEIXASSEM VENDER. CERTA VEZ SEGUIMOS PELA RAPOSO TAVARES POR MUITOS QUILÔMETROS A DENTRO CERCA DE  HORA E MEIA LEVANDO O CAMINHÃO LOTADO, EM VEZ DE TIJOLOS IA COM SOBRAS DE PAPÉIS PARA UMA FABRICA DE PAPEL HIGIÊNICO ONDE VIMOS O PROCESSO DE FABRICAÇÃO, SEU MATOS FOI QUEM PALESTROU A AULA.

EU ENTREI NA MARCENARIA EM 1977,  FUI GUIADO PELO ZABÉ A MANDO DO SEU ALICIO NOS PRIMEIROS PASSOS DIGO MARTELADAS E FOI DESENTORTANDO PREGOS REAPROVEITADOS DE MOVEIS ANTIGOS, MUITOS ENFERRUJADOS QUE INICIEI O APRENDIZADO DO OFICIO.  ESTIVE A PONTO DE DESISTIR POR CONTA DAS DORES NOS DEDOS DEVIDO AS BARBEIRAGENS POR MIM  DESFERIDAS. CUIDAVA  DA LIMPEZA E RECOLHIA A SERRAGEM JOGADA NO TERRENO CHEIO DE MATO EM FRENTE A LAVANDERIA, LA HAVIAM MUITOS BICHOS, QUANDO COMEÇARAM A LIMPEZA PRA CONSTRUÇÃO DO REFEITÓRIO ALGUÉM TEVE A INFELIZ IDEIA DE ATEAR FOGO, O MATO ACABOU LOGO PORÉM A SERRAGEM POR ANOS ACUMULADA FAZIA UM FOGO SEM CHAMA E MUITA FUMAÇA QUE  INCOMODOU BASTANTE, DIFÍCIL FOI APAGAR, DUROU UNS TRÊS DIAS. DE LÁ SAIU UM GAMBA QUE FOI ACOADO E PERSEGUIDO POR TODO O REGIMENTO DISPONÍVEL, FOI UMA MANHÃ DE ALVOROÇO E REBOLIÇO, QUANDO SE TEVE A CERTEZA DE QUE ERA UM GAMBÁ COMEÇOU A VIAGEM DOS COMENTÁRIOS E METADE DA TROPA RECUOU. FOI ATÉ COVARDIA A LUTA ÉPICA ENTRE O BICHO E TODAS  AS LEGIÕES, DEBAIXO DA CHUVA DE PEDRAS E PAULADAS ELE RESISTIU BRAVAMENTE ATÉ SER ACOADO, QUANDO NÃO PODENDO MAIS DESFERIU A ARMA SECRETA, FOI SEU ULTIMO SUSPIRO. GOSTARIA CRER QUE ELE SOBREVIVEU, O MAU CHEIRO  FEZ TODOS RETORNAREM   AS SUAS ATIVIDADES, TEVE QUEM SUPORTASSE E ENTERRASSE O ANIMAL. NO MEIO DA SERRAGEM VIVIAM GAMBÁS, FURÕES, PREÁS, TATUS, PEBAS, COBRAS E ETC, QUE TAMBÉM LUTARAM MAS TIVERAM O MESMO FIM OS QUE CONSEGUIRAM FUGIR RUMARAM  PRO LADO DOS CAMPOS DO 19 E 24. LOGO APÓS DERRUBARAM UMA GRANDE PALMEIRA IMPERIAL QUE FICAVA NO CENTRO DESSE ESPAÇO, LIMPARAM O TERRENO COLOCARAM BLOCOS DE CIMENTO PRO PISO E FIZERAM O REFEITÓRIO. NA MARCENARIA ESTAVAM SEU BERNADO, UM SEXAGENÁRIO QUE USAVA CHAPÉUS DE  GRANDES ABAS, SE  NÃO FOSSE DE ESTATURA TÃO BAIXA PARECERIA UM DONO DE FAZENDA, SEU ALICIO MESTRE DE OFICIO E MANDATÁRIO DO SETOR E O BATISTA QUE MUITO ME INFLUENCIOU NA FORMAÇÃO CULTURAL. ERA SANTISTA E VIVIA QUERENDO ME FAZER A CABEÇA CONTANDO AS HISTÓRIAS DO PELÉ, GRAÇAS A DEUS NUNCA CONSEGUIU NADA SÓ A MINHA ADMIRAÇÃO. TINHA UMA VOZ GRAVE  E BEM AFINADA,  QUANDO OUÇO FRANK SINATRA É A PRIMEIRA IMAGEM QUE ME VEM, CANTAVA ALGUNS SAMBAS CANÇÕES E SERESTAS, IMPOSSÍVEL NÃO ENXERGA-LO COM O MACACÃO AZUL NO FILME A ESPERA DE UM MILAGRE, FALAVA MUITO DE SANTO AGOSTINHO E DOM BOSCO E DE LUGARES, E VIAGENS E CONTAVA DOS TIMES DO EDD PENA EU NÃO TER REGISTRADO MAIS COISAS DESSA PASSAGEM.  AS PRANCHAS VINHAM E ERAM EMPILHADAS DO LADO DE FORA, SEU ALICIO ACOMPANHAVA O DESEMBARQUE COMO SE  DECORASSE O TIPO DE MADEIRA E DESENHOS DAS VEIAS, QUANDO PRECISAVA JÁ IA NA CERTA. TUDO ERA BEM MEDIDO E NÃO SE ACEITAVA DESPERDÍCIO O QUE SOBRAVA DAVA PRA GENTE FAZER BIBOQUÊS, CARRINHOS, ESTOJOS E CAIXINHAS DECORADAS EM BOA MADEIRA. AS CAMAS ANTIGAS E TORNEADAS FORAM TROCADAS PELAS NOVAS SEM CABECEIRA. ERAM TRABALHOS BÁSICOS MAS TINHA ALGUNS RESTAUROS EM MOVEIS ANTIGOS AI SEU ALICIO DEITAVA E ROLAVA, PELA FALTA DO TORNO  O TRABALHO NÃO ERA COMPLETO E TAMBÉM NÃO  FAZÍAMOS ENTALHES OS ASSENTOS ERAM CURVADOS NUMA GRANDE PRENSA E PORTAS PARANÁS COM COMPENSADOS E LAMINADOS VIRAVAM PRANCHAS DE MADEIRA DE LEI.
NO INICIO DO NOVO ANO PASSEI PRA LUSTRAÇÃO AO LADO DE ZÉ AMBRÓSIO, FUNCIONÁRIO E MORADOR, QUE CONTAVA PIADAS E HISTÓRIAS PICANTES QUE ATIÇAVAM OS HORMÔNIOS E GONZAGA EX-INTERNO, PONTA DIREITA QUE  JOGAVA QUASE EM CIMA DA LINHA LATERAL, SÓ PASSAVA PELA DIREITA E ACOMPANHAVA OS JOGOS COM SAUDADE DOS TEMPOS ZOMBANDO DOS MAIS NOVOS, APRENDI COM ELES OS TRUQUES DA ARTE. MAIS UMA VIRADA DE ANO E SEM AVISO OU DESPEDIDA SE FORAM, DITINHO, BATISTA, GONZAGA, ZÉ AMBRÓSIO, SEU BERNARDO E EU ASSUMI COMO LUSTRADOR. FIZ BONS TRABALHOS E TINHA A CONFIANÇA DO SEU ALICIO QUE ME DEIXOU A VONTADE NA LUSTRAÇÃO E FIZ DE LÁ UM ESPAÇO QUASE SÓ MEU, PREPARAVA ABACATES CASCA ROXA QUE O ZÉ MARIA TRAZIA DO 14 E OUTRAS FRUTAS, TINHA LIBERDADE  PRA FAZER FOGO E FAZIA SEM ABUSAR. DEPOIS A COISA SE PROFISSIONALIZOU COM TÉCNICAS DO SENAI E ENTROU O PROFESSOR GODOY COMO DIRETOR QUE ME INCENTIVOU A PRESTAR CONCURSO NO SENAI PARA TÉCNICAS DE IMPRESSÃO MESMO EU NUNCA TENDO TRABALHADO NA TIPOGRAFIA. POR ESSA ÉPOCA ENTRARAM OS PROFESSORES CAMILO E GREGORUTE E O CURSO DE TORNEIRO MECÂNICO MUITO CONCORRIDO PELO STATUS, CERTA VEZ O  PROFESSOR GREGORUTE (SUJEITO FALANTE, SEU BOM HUMOR ESCONDIA OS DEFEITOS) PAROU LÁ UMA BRASILIA AMARELA DELE LEVANTOU  E BOTOU UMA FURADEIRA NA RODA DIANTEIRA RETROCEDENDO  O MARCADOR DE QUILOMETRAGEM, ELE TIROU UNS 10 MIL QUILÔMETROS, AQUILO INSTIGOU NOSSA CURIOSIDADE E POUCOS DIAS DEPOIS TIRAMOS A HISTÓRICA FOTO DA PRIMEIRA TURMA DO NOVO MODELO PROFISSIONAL. LUIS FERNANDO AMIGO DE CAMPOS DO JORDÃO ME DEU UM MARCADOR FEITO  EM MADEIRA DE LEI A UNICA LEMBRANÇA MATERIAL VIVA DA MARCENARIA QUE ME RESTOU.
DE TUDO QUE APRENDI, GANHEI ALGUM DINHEIRO E AINDA USO O APRENDIZADO FAZENDO ALGUM TRABALHO DE CASA E SOU ETERNAMENTE GRATO AOS MESTRES PELOS ENSINAMENTOS,  OS CHEIROS  DE CEREJEIRAS, CEDROS, IMBUIAS, PEROBAS, VIROLAS, VERNIZES SÃO GATILHOS QUE DISPARAM AUTOMATICAMENTE O MEU PROJETOR DE IMAGENS E ME VEEM MÚSICAS, ROSTOS, PREÁS, PREGOS, PRANCHAS, FELPAS NAS MÃOS E  LEMBRANÇAS DE FELICIDADE E GRATIDÃO.
SE NÃO VALORIZASSEM TANTO O TRABALHO NA LAVOURA E INCENTIVASSEM SEM LIMITES  O ENSINO PROFISSIONAL TERÍAMOS MUITO MAIS PROFISSIONAIS  DO QUE OS QUE VENCERAM CONSTRUINDO FAMÍLIAS E GANHANDO A VIDA HONESTAMENTE COM A ARTE APRENDIDA.

Fotos Google imagens, arquivo pessoal

FAVOS DA DANAÇÃO, O ATAQUE DAS ABELHAS.

O ATAQUE DAS ABELHAS

andrepavi20.blogspot.com
ERA O SEGUNDO DOMINGO DE UM MÊS PERDIDO PELOS IDOS DE 75 OU 76, ME LEMBRO BEM DA CLARIDADE DA INESQUECÍVEL TARDE, DIA CLARO E O SABOR DO OUTONO ALONGANDO O PASSEIO DE QUEM SAIU, POR ISSO O PAVILHÃO COM POUCA GENTE. O GRUPO DOS QUE NÃO SAÍRAM ESTAVA ESPALHADO EM ATIVIDADES ALEATÓRIAS E SE FARTAVA DE ÓCIO  CRIANDO BRINCADEIRAS E MENINO VAGANDO JÁ VIU NO QUE DÁ É DANAÇÃO NA CERTA.
NA PONTA DO FORRO DO TERCEIRO DORMITÓRIO DO PAVILHÃO HAVIA UM INOFENSIVO BURAQUINHO ONDE HA ANOS PERCEBÍAMOS A MOVIMENTAÇÃO DAS INOCENTES ABELHAS, NÃO SE SABE QUANDO SE INSTALARAM JÁ HAVIAM ANOS QUE DIVIDÍAMOS OS ESPAÇOS SEM CONFLITOS AS VEZES QUERÍAMOS SÓ PRA NÓS   AS SEMENTES DE GIRASSÓIS PLANTADOS NO JARDIM OU O SUMO DE ALGUMA FLOR, POR VEZES UM OU OUTRO APARECIA COM OS OLHOS OU LÁBIOS INCHADOS DE ALGUMA PICADA, QUANDO ALGUMA ENTRAVA NO DORMITÓRIO PELOS VIDROS QUEBRADOS ERA EXPULSA COM CHICOTADAS DE TOALHAS E NADA QUE MERECESSE PREOCUPAÇÃO. ACHO QUE O CHEIRO DA MASSA USADA PRA FIXAR ALGUM VIDRO TROCADO DAS JANELAS ESPANTAVA OS BICHOS.
A MAIORIA ERA BOA DE MIRA E O DESAFIO DA VEZ ERA ACERTAR A BOCA DA ENTRADA DA INESPERADA SURPRESA COM OS PEDRISCOS DO CAMINHO,  FOI QUASE DE PRIMEIRA QUE A INOCENTE PEDRINHA DESTAMPOU AS COMPORTAS DO ENXAME DE ABELHAS FURIOSAS QUE INUNDOU SEM PENA  TODOS OS RECANTOS DO FEUDO. QUEM BRINCAVA DE BATE E REBATE VIU A NUVEM DO APOCALIPSE SE APROXIMAR, ERAM  MILHARES E SÓ DEU PRA CORRER E SE EMBRENHAR NO MATO INÚTIL LUTAR, DICK SE TRANSFORMOU EM  POTRO SELVAGEM EM GALOPE ALUCINANTE SEM SABER PRA ONDE, OS POMBOS EM DESNORTEADA REVOADA. AS GALINHAS POUCO SOFRERAM MAS OS SETE OU OITO PATOS SOFRERAM MUITO, E TODOS MORRERAM COM PICADAS NO PESCOÇO, O MAIOR E MAIS FORTE FOI GUILHOTINADO COM UM GOLPE CERTEIRO DE MACHADO POR SEU BENTO PRA ACABAR COM O SOFRIMENTO DO ANIMAL, SEU PESCOÇO FORTE COBERTO AINDA DA FÚRIA SE DEBATEU MUITO ANTES DE APAGAR, TEVE GENTE QUE CORREU PRO LAGO E APROVEITOU PRA SE BANHAR VESTIDO E SEM MEDO DE PUNIÇÃO E FICOU LÁ ENQUANTO A TARDE CAIA E A TROPA SE AGRUPAVA DO DILUVIO DE ABELHAS, ERAM MUITAS, MUITAS MESMO. 
CHIPINHO QUE ESTAVA POR PERTO NA HORA DO ATAQUE, E DEVIA ESTAR CURTINDO SUA SOLIDÃO DE EXCLUÍDO RUMINANDO O ALMOÇO FOI O QUE MAIS SOFREU,  PAGOU  O PREÇO DA DANAÇÃO SEM DEVER NADA, FICOU TODO COBERTO DE ABELHAS DA CABEÇA Á CINTURA SEU BENTO FOI QUEM LHE TIROU A CAMISA E CORREU COM ELE DESMAIADO NOS BRAÇOS PRUM ABRIGO, O CORPO E ROSTO JÁ INCHADO E  FEBRE, E VOMITAVA, SE VAZAVA, PARECIA QUE SERIA O O FIM DO POBRE IRMÃO, O QUADRO ERA GRAVE E NÃO SEI DIZER COMO UM MENINO FRANZINO POR VOLTA DOS DEZ ANOS E ALGUNS QUILOS SOBREVIVEU AO  FEROZ ATAQUE.
FOI POR DEUS QUE PRA POUPAR A CAMINHADA  ME DESPEDI DE MINHA MÃE   NA PORTARIA E NA SUBIDA DA ESCADA DE BARRO OUVI OS GRITOS E REBULIÇO E VI SOMENTE UMA PEQUENA NUVEM DE ABELHAS E LEVARAM  O HERÓI PRA ASSISTÊNCIA ONDE FICOU, NO DESESPERO VOEI PELO CAPIM GORDURA NO RUMO DO DEZESSEIS. 
SÓ NO CAIR DA NOITE É QUE BAIXAMOS A GUARDA DOS PANOS PRA AFUGENTAR OS BICHOS E FOI UMA NOITE MUITO AGITADA, SEU BENTO  SENTIA A DOR DA PERDA DOS ANIMAIS MAIS QUE AS FERROADAS E SE PREOCUPAVA COM CHIPINHO, NÃO INDAGOU NEM PUNIU NINGUÉM SÓ FALOU ALGO SOBRE AS COISAS DA NATUREZA E RESPEITO.
NO DIA SEGUINTE MANDOU QUEM ESTAVA PELO PAVILHÃO PRO CAMPO, FEZ MUITA FUMAÇA COM FOLHAS VERDES DE ALECRIM E EUCALIPTOS E ESPALHOU BHC EM UMA PEQUENA PARTE DA COLMEIA APROVEITANDO OS FAVOS QUE ESTAVAM LIMPOS E SEM VENENO NOS PANELÕES E LATÕES DO CHÁ E MANDOU UM POUCO PRA COZINHA. PASSAMOS ALGUNS DIAS COMENDO OS FAVOS DA DANAÇÃO E ACREDITÁVAMOS QUE ALGUNS NUNCA TERIAM REUMATISMO NA VIDA.

FOTOS AMIGOS DO FACEBOOK

(REEDIÇÃO) O BRAVO MERCEDÃO, COM MACARRONADA NAS CURVAS DA BAIXADA.

Passou-se meu oitavo aniversario e nada, nem eu me lembrei dele, chegaram às férias do meio do ano,  minha mãe ainda não tinha vindo me visitar, sabia ser temporário, nunca julguei abandono,  mesmo ilhado pelo mar do desencanto. 

Tudo estava sereno, quase não se via o carrasco, até os capitães do mato saíram á passeio,  do sobejo do quartel, formou-se a pequena legião, dos sem opção, era ficar ou ficar e vida que segue. 

O trabalho agora leve e prazeroso era  pago, remunerado pelo SERPRO, gatos pingados de vários pavilhões se reuniam no 16 para vedar sacos plásticos contendo algo sobre imposto de renda com  etiquetas com nome e endereço do contribuinte. 

Durou pouco tempo, com o trabalho remunerado  a gana de se ganhar alguns míseros cruzeiros fez a coisa andar ligeira, foi a fome com a vontade de comer. No fim de cada dia sobravam elásticos de montão pra nossa prazerosa livre guerra, criamos atiradeiras, arcos,  revolveres e protótipos  do todo jeito. E veio também o primeiro passeio coletivo, foi no Forte dos Andradas, quartel do exército no Guarujá. Ninguém dormiu e madrugada à dentro ainda no breu da noite, os sem opção de três pavilhões se misturaram e invadiram o Mercedes num êxtase inimaginável. Pela manhã desfeita a cerração, a festa da alma dava vida aos olhos e Roberto Carlos mostrou claramente os túneis e as curvas da estrada de Santos, misto de medo e prazer ao pensar no mercedão já na curva descendente da idade. 

Na entrada do quartel, um farol no verde indicava pra seguir pela estrada de mão única e o primeiro trecho em que se viu o mar,    foi ovacionado com um sonoroso e espontâneo  NÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓ.

Dava medo sentir o mercedão se arrastando no caminho muito estreito e olhar pro penhasco lá embaixo, em certos pontos era mano a mano, o penhasco e o mar. 

A areia separava dois morros onde canhões cobertos pela mata apontavam pro mar aberto e pra ilha de pedras, limite pelo mar da área militar, era o paraíso mesmo o clima não ajudando, garoava e parava, lembrei-me da Praia dos Amores e só se DEUS refizesse o lugar pra se parecer com ela, as lembranças traziam um lugar  comum que eu desconhecia, Irmão Domingos surpreendeu pela sunga, sem os trajes habituais e mais ainda querendo brincar com os menores, todos desconfiados, fez  a escultura de uma baleia na areia, quis jogar bola e tentou ser amável até que os gritos dos desesperados guardas mandando uns menores voltarem da tentativa de chegar a nado á ilha de pedra o fizessem tornar-se real, sem maquiagem. Foi um castigo leve por serem menores em férias num quartel e estarem na frente dos oficiais, cumpriram tarefas, varrer, lavar pratos, sem brincar durante o resto do dia, coisas leves se lembrarmos..., à tarde seguiu legal, bola, banho, rango e um papo bem descontraído com os soldados até a hora de dormir. O dia nasceu com sol tímido em meio a neblina já comum e não sei se por costume ou pela vontade de brincar, acordamos primeiro que os soldados, cuidamos do asseio, café e praia, onde fiquei o dia todo, alguns foram ver os canhões, fiquei no paraíso e meu couro praiano  fingia não sentir o arder do sol. Tarde noite vadia, de bola, banho e rango, foi servido um inédito macarrão bem temperado com pedaços de carne moída que mais parecia um banquete e  que não lembrava  em nada os pés de galinhas. Antes do sono teve tempo pra um jogo, quase oficial, na quadra, entre os nossos melhores e maiores contra os soldados, pareceu final de campeonato, o domingão apelido do diretor pela altura e rigor parecia feliz ou aliviado pelos internos no indulto de férias, não parava de exibir a cremalheira serrilhada feito as de uma rato com dentes miúdos, nosso desempenho de meninos militares tinha surpreendido os oficiais positivamente e nem a tentativa de se chegar à ilha tinha estragado nosso brilho. Fomos avisados ao chegar de não nadar pra longe da praia e os soldados no rigor fantasioso do regime vigente do ano de 72, tinham as ordens expressas para atirar em tudo que se aproximasse da ilha, poderia ser uma invasão marxista pra tomar o poder no Brasil, seriam baladeiras contra canhões.

A madrugada da partida foi muito agitada, vez por outra alguém pulava do beliche no dormitório destinado a nós e corria pra fila já formada na porta do banheiro, onde as latrinas militares, sem vaso, esperavam os estomacais contorcionistas.  E foi assim do forte até o começo da subida da serra, onde tinha mato despejamos macarrão carne e a vergonha, se vazando pelo caminho, e era engraçado, tinha gente que se ajoelhava rogando pra descer, o mercedão parava e voávamos aos bandos pras moitas que nem andorinhas em revoada, e  da janela os  sacanas gritos caguetavam, cagão, cagão, cagão. 

Na entrada da velha estrada, o enfado  e o ar de tristeza era geral e, perto do cemitério um grito canto acompanhado de batidas na lataria e indiferente aos olhos de quem vigiava e poderia punir, troou espontaneamente quase como revolta, chegamos na gaiola, chegamos na gaiola, chegamos na gaiola, Seu Matos solava o

businaço do fiel mercedão era o anuncio do fim da feliz jornada, cumprira sua missão bravamente sem vexame, teria direito a um merecido banho. Os míseros cruzeiros recebidos com o trabalho gastei logo após o desembarque, já não se vazava e corria feliz à padaria onde torrones e balas 15 me esperavam.

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