RÉQUIEM DA MELANCOLIA DA TARDE

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EU MESMO NÃO SEI DIZER O QUE ERA MAIS TRISTE E MELANCÓLICO, SE A TARDE GELADA, QUE DESCIA SEM FAZER SOMBRAS, DE BRAÇOS COM O VENTO QUE INSISTIA EM  ME LEMBRAR DA BELEZA QUE SE PERPETUAVA EM GALHOS REJUVENESCIDOS,  SE FLORES DE ETERNAS ESSÊNCIAS, PÁSSAROS DE CLARINS SINFÔNICOS, OU O DESASSOSSEGO DAS BATIDAS DE UM CORAÇÃO DE PRESO DESENCARCERADO, QUANDO VISITA A TERRA NATAL. EU ERA O PRÓPRIO VENTO LIBERTO, NO RUMO SEM RUMO, QUE NUM ARROBO DA SAUDADE ME LEVOU AO MONTE ALEGRE.

CRUZEI A PORTARIA, E FIZ QUESTÃO DE PARAR NO SERPENTÁRIO, A MUITO ABANDONADO, QUEM SABE O BANZO DE OUTRA ÉPOCA,  SEGUI SOLITÁRIO PELO CAMINHO DAS  PEDRAS,   TAMBÉM O DE BARRO,  O DE MIRRA, PRO ALTO DO MORRO SEM ENCONTRAR ROSTOS OU SORRISOS QUE DIVIDISSEM  A AFLIÇÃO SENTIDA, OS PASSOS ME GUIAVAM E NÃO PERMITIRAM, NEM AOS OLHOS NEM AS  LEMBRANÇAS, ME DEMORAR,  ATÉ ANCORAR NO PRAZER DESEJADO, ERA SÓ O QUE PODERIA ME SOSSEGAR A ALMA, COMO  FAZIAM OS CORAÇÕES MATERNOS DO ULTIMO DOMINGO.
ENTREI PELO PAVILHÃO ME ANUNCIANDO, EM CHAMAMENTOS REPETIDOS, NÃO RESPONDIDOS, ME SENTIA QUAL LADRÃO, VEIO A LEMBRANÇA DA TARDE EM QUE NO PAVILHÃO VAZIO, ME DIVIDIA NA PORTA DO REFEITÓRIO ENTRE MANJAR CANA, PRO JAPONÊS AFANAR UNS PÃES, E ASSISTIR UNS FRAGMENTOS DA SESSÃO AVENTURA, MAS INVADI TODOS OS RECANTOS DO LAR,  PISEI COMO  NUNCA  HAVIA FEITO, PARECIA QUE O MUNDO  O TINHA  ABANDONADO AS PRESSAS, TUDO ERA MEU,  SENTIA ESTAR SENDO OBSERVADO, ESPERANDO QUE A QUALQUER MOMENTO ALGUMA VOZ CONHECIDA TROASSE, AINDA CHAMEI POR DONA TERESA E CLAMEI QUE SEU BENTO ME FLAGRASSE, COMO ANTIGAMENTE  O FEZ, FOI INÚTIL E SEGUI DESBRAVANDO, FAZENDO  QUESTÃO DE PISAR TODOS OS CÔMODOS, MAS NÃO ME DETIVE EM NENHUM SÓ NAS  LEMBRANÇAS ANACRÔNICAS QUE DESFILAVAM AO SABOR DOS QUE OLHOS VIAM E OS PÉS IAM  PISANDO.
NO XADREZ, CORREDOR XADREZ PESOU-ME O SONO DO CAPIM E OUVI O SILÊNCIO DAS QUARESMAS, EM QUE PINHEIROS E CIPRESTES SOLAVAM O  PRELUDIO DO CANTO DOS  AFLITOS,  DUPLAMENTE CONDENADOS, ENVOLTOS EM INCENSOS DE BHC.
A MELANCOLIA DE TUDO DESERTO, AGONIAVA AINDA MAIS O PEITO, QUANDO SAI PELA PORTA DOS FUNDOS, FOI QUE O ANDAMENTO DA TRISTEZA SE DESCOMPASSOU. A PARTE DE TRÁS ESTAVA DIZIMADA E RECRIADA, A MATA SIMPLESMENTE JÁ NÃO MAIS EXISTIA, OS SONS DA RODOVIA CHEGAVAM CLARAMENTE, O BARRO VERMELHO AINDA SEM POSTES E GUIAS, OFICIALIZOU A MACULAÇÃO DE FATO DO PARAÍSO, AINDA INSISTI COM AS PERNAS E OLHOS ATRÁS DA VELHA ESPLENDOROSA AMOREIRA, MAS ELA AGORA ERA SÓ UM ESPECTRO DE LEMBRANÇAS FELIZES,  A TERRA REVOLVIDA, SEPULTAVA DE VEZ   AS ALMAS DA CRUZ DE FERRO, AS CINZAS DA GRANDE QUEIMADA, O NINHO DA CURRUÍRA, JARARACAS, BORBOLETAS, TATURANAS, E DE NOVO ERA SÓ EU E O VENTO, MANO A MANO E AGORA SEM ESSÊNCIAS, SEM NOVOS GALHOS NA CONFUSÃO DOS TONS DOS VELHOS E NOVOS CLARINS DE ACORDES MAIORES E MENORES, ENTRE A SINFONIA E O RÉQUIEM. PAREI O CORTEJO FÚNEBRE DA AUTO FLAGELAÇÃO, NUM ULTIMO ADEUS,  NA CONTEMPLAÇÃO DA PAZ ISRAELITA, EM BREVE DESPERTARIA A URSA MAIOR DO ARPOADOR E NÃO ESPEREI QUE A ESTRELA DO JARAGUÁ GANHASSE EM BRILHO DA LUZ DA TARDE E  ABANDONEI O CONCERTO DO CANTO DOS AFLITOS NO PALCO DOS PINHEIROS E CIPRESTES, COM OS OLHOS MAREJADOS PRA NUNCA MAIS.
O GIL, GILBERTO JORGE IRMÃO DO JOCA, JORGE GILBERTO, DEVE TER OUVIDO O DESCOMPASSO DO MEU CORAÇÃO, QUANDO SE ENCAMINHAVA  PARA  O ACORDE FINAL, JÁ NA CURVA DO BAMBUZAL E ENTERRAR MINHA DESOLAÇÃO DE ANIMAL BANIDO, DA VARANDA DA PISCINA DE FRENTE AO VELHO CINEMA, ME ACENOU VIVAMENTE. NÃO SEI DIZER E NEM PERGUNTEI COMO ME RECONHECEU, EU AGORA ERA UM DESGARRADO E DESFIGURADO CABELUDO, FOI A ÚNICA ALEGRIA QUE TIVE NAQUELA TARDE DE VENTO GELADO,  O REENCONTRO DE UM IRMÃO DO EDUCA. ATRAVESSEI A CIDADE SEM NADA ESPERAR, SEM PROGRAMAÇÃO, NUM IMPULSO DA SAUDADE, JÁ FAZIAM ALGUNS ANOS QUE EU NÃO IA,  ISSO ME ESPINHAVA  A CONSCIÊNCIA, FOI ELE QUEM ME ATUALIZOU, COM NOTICIAS FRESCAS, ME ESQUECI POR MOMENTOS A TRISTEZA QUE SENTIA,   FALOU-ME DOS IRMÃOS QUE ESTAVAM BEM, TRABALHANDO OU NÃO, DOS QUE VOLTARAM AS CIDADES DE ORIGEM, DE ALGUÉM QUE PENDEU PRO OUTRO LADO, DE OUTRO QUE ESTAVA SE GRADUANDO  NA DITA E NÃO FALAMOS DE FORMATURAS E CASAMENTOS OU FILHOS, AINDA NÃO HAVIAM, DE NINGUÉM, FALEI TAMBÉM, DOS MEUS CAMINHOS E DESCAMINHOS E CHAMEI-O DE PORCO, PALMEIRENSE QUE ERA E ME CONTOU COM SEUS DETALHES, O CASO DO  DESMEDIDO ENVENENAMENTO DA ÁGUA, ACONTECIDO, Á PELO MENOS CINCO ANOS ANTES, E QUE QUASE MANDOU PRA VALA UMA RUMA DE  NATIVOS, INTERNOS OU NÃO. O PAPO ROLOU  ATÉ  QUE O VENTO GELADO ESPERASSE O DESPERTAR DAS DAMAS DA NOITE PARA BAILAR AS ETERNAS FRAGRÂNCIAS, ESSA FOI A ULTIMA VEZ QUE LA ESTIVE DE CORPO E ALMA E QUE MEUS SENTIDOS BEIJARAM AS TERRAS DO EDUCANDÁRIO DE CORPO PRESENTE.

 

 

fotos:  arquivo pessoal, PADRE AGNALDO SOARES, ANDERSON ROCHA, AIRTON DOS SANTOS, LIGA SOLIDARIA, facebook, google